tácito



… ou o silêncio das coisas tristes 

O ferro não aqueceu, já estava ligado há cinco minutos no máximo enquanto torrava duas fatias de pão e o café subia na cafeteira, e não aqueceu. Vesti as calças engelhadas e procurei outra camisa. Quando me sentei para tomar o pequeno-almoço, fui assolado por uma estranha vontade de não ir trabalhar, e já estava pronto, vestido e barbeado, faltava terminar o café e sair. Mas não me apetecia levantar. Era como se a minha vontade tomasse conta de mim, ocupando o razoável, abalando desde os alicerces em que me assentaram e moldaram. 

Nunca saberei como foi, pois antes mesmo de achar que tivera uma ideia, o meu cérebro já havia pensado nela, mas aparentemente fizeram crer à vontade que não tinha adversário à altura, e que diante o dilema, as pernas não se levantariam e atrás delas todo o corpo relaxado, degustando o pequeno-almoço. E então proclamaria em grande alegria naquela sexta-feira a meio do mês, como dia de não ir trabalhar e fazer o que lhe desse na real gana! Foi triste a derrota, a consciência com uma direita rápida aniquilou a vontade por nocaute, e lá me levantei sem pensar mais no assunto.


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