estertor

o sol já havia galgado o planalto, invadindo pedante o ladrilho vidrado em todos os cantos, e a aragem matutina, carregada de uma quietude que causava estranheza, esvaziava-se por uma janela entreaberta, sem o fulgor descontrolado da passarada.
dormia sobre o meu braço, olhos cerrados à luz derramada, fina película, miríade de partículas adornando um rosto desconhecido, estendendo-se pela longitude nua da pele. sem rumor aparente, libertava imperceptível e invisível, um perfume quente que a envolvia, manta aconchegante, toldando-me os sentidos num remoinho dúbio. não atrevi toca-la, morreria sem ver a cor da íris na serenidade despida dos corpos, deitados sobre a funda esclerótica da banheira, desconforto acentuado pelo ar silencioso e tíbio que a janela não vedava.
que aconteceu aos pássaros?

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